sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Saga




A história de família é determinante para que a pessoa tenha a sua própria história, pois recebe heranças não só concretas como abstratas e as transmite para a geração seguinte, com os mesmos princípios, conceitos e sentidos culturais. Isso para não falar das questões econômicas, de riqueza ou pobreza, que recebe como prêmio logo ao respirar o ar do mundo externo.

Afirma Jolles que “tal universo mantém idêntico a si mesmo no tumulto de suas variações – universo da glória ancestral e da maldição paterna, do patrimônio e das rixas entre famílias, das mulheres raptadas e do adultério, do sangue derramado na vingança e misturado no incesto, da fidelidade e do ódio familiares, universo do pai e do filho, do irmão e da irmã, universo da hereditariedade”. 

Com isso, o autor remete o leitor à ideia de destino, pois “nesse universo, o Bem e o Mal, a coragem e a covardia, não são qualidades pessoais, a propriedade já não é posse do indivíduo: a fonte de todo o significado e de todo o valor é a família e o destino do homem recai sempre no clã ”. 

O homem é visto como herdeiro de ações de seus antepassados, cujas histórias são narradas com o nome de saga, dando continuidade ao que recebe de sua família, responsabilizando-se pelos feitos passados. Os personagens da saga que se sobressaem são justamente aqueles que lutam para desfazer o “nó” do destino, alterando o rumo das pessoas da família de gerações futuras. 

A tradicionalidade da saga pode, segundo Jolles, “continuar existindo, em literatura, nas narrativas campesinas”, pois as pessoas que vivem no campo ainda conservam por um tempo maior seus costumes, através das histórias de famílias, e ainda segundo o autor, “a cristalização poética é menor, a linguagem não pode intervir com a mesma força, o colorido é pálido e falta a grandeza do gesto”. 

A essência da saga continua perene como fonte de histórias de vidas pessoais, autobiografias, relatos onde se podem encontrar dados não vividos pelo autor do texto, mas contados por membros da família, de gerações anteriores, fazendo com que muitos sentimentos permeiem a vida dos descendentes de uma família, sem que se tenham sido experimentados.













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