sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Fábula


           

A fábula também não está no rol das formas simples, pois está mais para criação individual, porque traz as falas dos animais, como se fossem humanos, não correspondendo à realidade. É considerada história de tradição oral pelos mesmos motivos da lenda, por não ter autor, pela sua transmissão oral e contínua através dos tempos, alterando o comportamento da vida das pessoas em sociedade.


A palavra fábula, em sua etimologia, tem origem latina, fabulare, ou seja, falar, e significa conversa, narração (Sueli Passerini). Diante dessa concepção, parece ter origem muito remota, que coincide com o surgimento da linguagem, evoluindo com a função histórica da palavra. Seu processo de criação e recriação foi espontâneo e serviu como forma de comunicação entre as pessoas.


A estrutura da fábula, curta e direta, assemelha-se ao provérbio, sem sua parte narrativa e à anedota, como narrativa sem moral da história. Trata-se, portanto, de narrativa de natureza simbólica de uma situação vivida por animais, representando uma situação humana, com o objetivo de transmitir determinada conduta ou moralidade.


Os animais assumem uma situação humana com finalidades exemplares, pois representam símbolos. O leão representa a força; a raposa, a astúcia; o lobo, o despotismo; o cordeiro, a ingenuidade; a formiga, o trabalho, etc.


Bárbara Vasconcelos de Carvalho afirma que “a origem da fábula se perde no tempo, tornando difícil fixá-la. Atribui-se que a fábula tenha sido documentada desde Buda, e consta que muitas fábulas atribuídas a Esopo já haviam sido divulgadas no Egito, quase 1.000 anos antes de sua época”.


Trazida do Oriente para a Grécia Antiga, foi reinventada pelo grego Esopo, considerado o pai da fábula. Viveu, provavelmente, entre os séculos VII e VI a.C. Era, supostamente, um escravo, que depois de ter sido libertado, viajou para o Oriente, adaptando todas as histórias, com claro objetivo moral, para a sabedoria grega, dando à fábula um gênero peculiar. Contava suas fábulas, adaptando o comportamento dos animais às suas observações. Depois de liberto, viajou para a Ilha de Delfos e, em virtude do conteúdo de suas histórias, os habitantes da ilha, enraivecidos, atiraram-no do alto de um rochedo, levando-o à morte.


Tempos depois, a fábula foi aperfeiçoada pelo escravo Fedro, como poesia, definindo sua forma literária. Nessa época, torna-se ingênua e satírica. Esse gênero, pelas mãos de Fedro, incorporou-se à literatura latina.


A forma definitiva da fábula dentro das espécies literárias foi dada por Jean de La Fontaine (século XVII, 1621-1692), denominado o mestre dos fabulistas modernos. Nasceu em Château Tierry, França. É considerado o maior escritor do gênero, pois difundiu-as através de seus livros feitos para adultos, mas desviados para a leitura das crianças, por conter princípios de moralidade. Seus textos trazem, em uma linguagem metafórica, as misérias, as injustiças de sua época.


A fábula apresenta texto curto e simples. Faz parte da narrativa o princípio moral, o ensinamento, através do humor que acaba por divertir e entreter o ouvinte; apresenta um estilo simples e uma linguagem direta, com diálogos em prosa ou em verso, cujo objetivo é a expressão crítica de conduta do homem. Pode ser dividida em duas partes, segundo La Fontaine, “o corpo é a fábula; a alma, a moral”. É uma das formas simbólicas surgidas espontaneamente, decorrente do desenvolvimento histórico da idéia de arte, com o intuito de elevar a condição de vida humana.



Nenhum comentário:

Postar um comentário