sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Chiste




Contar histórias sobre as características de cada povo especificamente, com certo ar de graça, de deboche é, sem dúvida, uma forma rudimentar de pensamento que permanece até os dias de hoje, pois segundo Jolles, “não existe época nem lugar, provavelmente, onde o chiste (Witz) não se encontre na existência e na consciência, na vida e na literatura”. 

O fato de se relatar um fato engraçado, mostrando as diferenças dos povos, de acordo com suas culturas próprias leva o receptor a se divertir com a situação, principalmente quando se fala em palavras de duplo sentido, incompreensíveis por dialetos distintos. 

A força do opressor sobre o oprimido também resulta numa disparidade que causa ironias, risos, justamente por desafiar o mais forte e encontrar defeitos que o desprestigiam, apesar de mostrar posição de superioridade. “O que nos interessa aqui, porém, não é a diferença, mas a disposição mental em sua totalidade. Começaremos assim por dizer que o Chiste, onde quer que se encontre, é a forma que desata coisas, que desfaz nós”, afirma Jolles, definindo essa forma, que acabou por dar origem à sátira e à ironia.

A sátira“é uma zombaria dirigida ao objeto que se repreende ou se reprova e que nos é estranho (...) e a ironia troça do que repreende, mas sem opor-se-lhe, manifestando antes simpatia, compreensão e espírito de participação...

Na sátira, mantemos distância do objeto, ridicularizamos aquilo que não temos em comum com a pessoa satirizada, enquanto que a ironia é conhecida por quem a elabora, amenizando e solidarizando-se com o objeto ironizado. Nas palavras de Jolles, “a sátira destrói, a ironia ensina”.

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